BRASÍLIA – AGÊNCIA CONGRESSO – O jornalista e escritor infantil Marcos Rosetti, autor de vários livros, como  O menino que queria encontrar o fim do mundo, lança mais uma história infantil.

O Papagaio do Futuro, título da nova obra do autor, conta a história de um papagaio galego que decidiu fazer uma viagem sozinho em busca de um futuro melhor.

Marcos já publicou 13 histórias infantis em seu site Leia para um Milhão de Crianças. A motivação do escritor capixaba para iniciar a escrever histórias infantis partiu da relação com seus filhos.

Capa do livro O menino que queria encontrar o fim do mundo, de Marcos Rosetti

Sobre o autor

Marcos Luiz Rosetti nasceu em Vila Velha (ES). Trabalhou nos principais jornais e rádios do Espírito Santo. Desde a infância sempre gostou de escrever. Filho do jornalista José Luiz Rosetti, suas primeiras histórias foram de faroeste.

Depois decidiu escrever sobre o Jogo do Bicho em plena ditadura. Chegou a entregar os originais ao ex-diretor da Rede Globo Fabio Sabag, no Rio. Até hoje espera resposta.

Leia a história completa:

O Papagaio do Futuro

Existia numa floresta tropical um papagaio galego muito bonito, mas muito infeliz com a vida que levava.

Vivia triste e insatisfeito. Sonhava com uma floresta melhor, com mais verde, mais água, menos caçadores e menos queimadas.

Alípio era o nome dele. O papagaio havia perdido sua família aos dois anos de idade. Sua mãe Drica fora capturada pelo dono de um circo e levada para a cidade.

Drica falava muito e por isso o dono do circo ficou interessado por ela. Triste, seu pai Drico foi embora com outra papagaia deixando o filho só.

Alípio decidiu então procurar outro lugar para morar. A floresta onde ele morava a cada dia ficava menor. Todo dia era construída uma casa nova perto do rio. E a mata era derrubada.

Sem pai nem mãe, decidiu mudar de floresta. Aí resolveu voar pro alto, em direção ao céu. Cada vez mais alto. E cada vez mais triste. Alípio acreditava que existiam florestas acima das nuvens.

No caminho encontrou um urubu que lhe perguntou para onde ia. Alípio  respondeu que estava voando em direção ao futuro. O pássaro preto começou a rir e disse que dali pra cima não existia mais nada, só ar e nuvens.

E sugeriu ao papagaio que voltasse para sua floresta. “Não perca seu tempo meu jovem, voe para baixo”, disse.

 

“Venha comigo – chamou o urubu – vamos fazer um lanchinho, tá vendo aquela vaca morta lá embaixo? Tá com um cheirinho delicioso, bora lanchar?”

“Eca, não como carniça. Gosto de frutas, castanha, sementes. Adeus”, disse Alípio, voando para o alto.

Mais à frente encontrou outro pássaro, um falcão, que voa sempre mais alto que o urubu.

“O que você está fazendo nesta altura?” perguntou o falcão.

“Estou indo para o futuro” – disse o papagaio.

Mas onde fica isso? perguntou o falcão.

“Lá em cima”, disse Alípio apontando para o céu com o bico.

‘Você está enganado, lá só existe ar, nuvens, e estrelas, e se você voar mais, vai acabar saindo do planeta. Vai sair da atmosfera ha ha ha!

“Mas eu preciso ir, lá embaixo não sou feliz”, disse, sem dar ouvidos ao falcão.

“Espere, lá é perigoso”, disse o falcão.

Mas o papagaio nem ouviu e continuou a subir. No caminho encontrou uma águia, que voa mais alto que qualquer falcão.

“Ei, onde você vai com tanta pressa?” perguntou a bela ave.

“Vou para o futuro”, disse.

Mas onde fica isso? perguntou a linda águia branca.

“Lá em cima”, apontou o papagaio.

“Mas eu tô sempre voando por aqui há anos e nunca vi nada acima da minha cabeça”, disse a águia.

“Você está triste. Por isso procura um lugar que não existe. Volte para sua floresta. Lá existem bichos de penas como você. Lá você poderá encontrar muitos amigos e parentes. Sua tristeza vai passar. Papagaio é bicho de árvore. Daqui a pouco vai ficar tão cansado de voar que suas asas não aguentarão seu peso. Ai você vai cair e morrer”, avisou a águia do alto de sua sabedoria.

“Mas eu pensei que acima do céu existisse uma floresta sem perigo, sem caçadores, sem incêndios, com muitas frutas pra eu comer. Muitos amigos”, disse Alípio.

“Você está enganado. Venha, suba nas minhas costas que vou te ajudar a voltar”, disse a águia.

Alípio subiu e águia desceu até onde voa o falcão.

Ao encontrá-lo pediu: “Falcão, ajude a levar esse papagaio de volta. Ele está fraco que não consegue mais voar”.

“Pois não, dona Águia. Eu já tinha avisado a ele. Suba aqui amigo”. Alípio subiu e o falcão desceu.

Mais embaixo encontrou o urubu plainando pelo céu.

“Sr. Urubu – disse o falcão – ajude nosso amigo a voltar para a floresta. Eu não posso descer mais se não algum caçador pode me pegar. Preciso ficar fora do alcance deles”, disse.

“Pois não, seu Falcão. Eu posso voar baixo. Os caçadores não gostam de carne de urubu. Comer carniça tem suas vantagens, ah, ah, ah.

Suba aqui amigo, vou te levar”, disse o urubu.

Em poucos minutos os dois estavam na floresta. O urubu voltou para o céu e o papagaio para sua antiga árvore. Logo apareceram seus primos papagaios e começaram a rir dele. Bullying é muito feio.

Um perguntou: “E ai Alipinho, como é o futuro? Você não ia morar lá? Por que voltou tão rápido”, perguntou um papagaio zoando o amigo.

“O futuro agora eu sei que não existe além do céu – disse Alípio – mas uma coisa eu descobri. Quando as pessoas ajudam umas às outras, a gente consegue vencer os próprios limites e voar além das nuvens”.

Moral da historia: a solidariedade rompe barreiras.

Autor: Marcos Rosetti