WASHINGTON – O general Mark Milley, chefe do Estado Maior Conjunto e principal autoridade militar dos Estados Unidos, pediu desculpas por ter participado da caminhada do presidente Donald Trump para encenar uma foto na Igreja Episcopal de São João, próxima à Casa Branca, depois de mandar dissolver um protesto contra o racismo e a violência policial que acontecia na área, em 7 de junho.

“Eu não deveria estar lá”, disse Milley sobre a foto com Trump, em um discurso em vídeo que gravou para ser exibido no início do ano letivo na Universidade Nacional de Defesa.

“Minha presença naquele momento e naquele ambiente criou uma percepção de envolvimento dos militares na política interna.”

As primeiras declarações públicas de Milley desde a sessão de fotos de Trump  — quando forças da Guarda Nacional reprimiram centenas de pessoas que se manifestavam pacificamente na Praça Lafayette para que o presidente pudesse posar com uma Bíblia na mão em frente à Igreja de São João  — certamente irritarão a Casa Branca.

“Como oficial da ativa, foi um erro com o qual aprendi, e espero sinceramente que todos aprendam com ele”, disse o general Milley no vídeo gravado.

Ele afirmou estar furioso com “o assassinato sem sentido e brutal de George Floyd” e manifestou sua oposição às sugestões de Trump de que forças federais fossem destacadas em todo o país para reprimir protestos.

Amigos do general Milley disseram ao New York Times que, nos últimos 10 dias, ele ficou angustiado por ter aparecido —  com o uniforme de combate que usa todos os dias para trabalhar —  ao lado de Trump durante a caminhada até a igreja.

O general disse aos amigos que acreditava que estava acompanhando Trump e sua comitiva para passar em revista as tropas da Guarda Nacional que estavam na Praça Lafayette.

Este não foi o primeiro caso de militar condenar Trump em público. Vários generais e ex-comandantes fizeram declarações parecidas, e alguns chegaram a dizer que não vão apoiar a reeleição dele. A postura desses militares serve de exemplo para vários países, inclusive o Brasil. (Com informações do G 1)