VITÓRIA – A volta do ex-chefe de gabinete do governador Paulo Hartung (MDB) e aliado histórico do peemedebista, Neivaldo Bragato, ao governo, tem tudo a ver com a decisão de Hartung deixar o governo em abril.

Ele (PH) tem pressa para viabilizar seu projeto nacional – via eleição para o Senado – em favor da candidatura do deputado carioca Rodrigo Maia (DEM) à presidência da República.

No ES aumentam os rumores de que Hartung vai concorrer ao Senado com o objetivo de ocupar um ministério no futuro governo, qualquer que seja ele.

A função de Bragato seria justamente operacionalizar as ações políticas que visem dar suporte aos dois projetos.

O Diário Oficial de sexta-feira (05) registra a nomeação de Neivaldo como assessor especial da Secretaria de Estado de Governo.

Bragato foi citado, assim como o próprio Hartung, na delação premiada do ex-presidente da Odebrecht Infraestrutura Benedicto Júnior, o BJ, no âmbito da Lava Jato. O caso, no entanto, foi arquivado.

O agora assessor especial ocupou a chefia de gabinete até fevereiro de 2017. Os termos da delação vieram à tona em abril e, em agosto, o ministro Félix Fischer, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), arquivou o procedimento que poderia transformar os citados em investigados. Bragato integrava o Conselho de Administração do Banestes.

Por meio de nota, a Secretaria de Governo informou que “o governador Paulo Hartung convidou Neivaldo Bragato para deixar o Conselho de Administração do Banestes e reforçar a estrutura de coordenação de governo, trazendo sua experiência de vida e bagagem (mochila) profissional na execução das principais ações da administração estadual.

Ele será responsável, por exemplo, pela coordenação do comitê hídrico – que foi criado desde o primeiro dia da atual gestão para combater a seca.”

O salário de um assessor especial nível III QCE-01 é de R$ 8.887,32 brutos. (Com informações do portal gazeta online)

DENÚNCIA

O ex-presidente da Odebrecht Infraestrutura Benedicto Júnior, o BJ, disse aos investigadores da Operação Lava Jato que pagou, a pedido de Hartung, R$ 1 milhão não contabilizado para candidatos apoiados pelo peemedebista na disputa eleitoral de 2010.

Segundo BJ, esse dinheiro do caixa dois foi todo entregue a Neivaldo Bragato, então secretário de Estado de Transporte e Obras Públicas, em hotéis da área nobre e turística do Rio de Janeiro: Foram citadas quatro parcelas de R$ 250 mil em setembro de 2010.

Bragato sempre negou as acusações. Ainda em abril ele divulgou nota na qual considerou absurdas as informações apresentadas pelo delator.

“Com 35 anos de vida pública no Espírito Santo, asseguro que é absurda e descabida a informação de que a empresa Odebrecht supostamente teria repassado, por meu intermédio, recursos para as campanhas eleitorais de 2010 e 2012. Não recebi nenhum recurso e sequer tive participação nas referidas campanhas. Estou convicto de que a verdade prevalecerá ao final do processo”, dizia o texto.

Em agosto,  o STJ arquivou o caso. Hartung e Bragato não figuraram como investigados.No documento em que decidiu pelo arquivamento do caso, o ministro Félix Fischer descreveu a sustentação feita pelo Ministério Público Federal.

O órgão, que também opinou pelo encerramento do episódio, argumenta, pelos elementos colhidos, “que se trata de doação eleitoral não contabilizada, não se cogitando corrupção, pois além de referidas doações terem sido destinadas a terceiros, não houve solicitação de vantagem indevida em contrapartida”.

O crime não compensa? Com o arquivamento, todos os fatos narrados estão arquivados, inclusive as menções referentes a Bragato e Roberto Carneiro (atual secretário de Estado de Esportes), também citado por BJ.