Por Tales Faria – “Fiz que fui, não fui, e acabei fondo!” é uma frase do anedotário futebolístico que o jornalista Juca Kfouri atribui ao Nunes, atacante campeão do mundo pelo Flamengo. Trata-se da descrição de um drible.

É como o inculto artilheiro relatou o que fez para enganar o adversário e chegar ao gol. Pois é. O eleitor está prestes a tomar um drible, conforme relatam no UOL, os repórteres Hanrrikson de Andrade e Guilherme Mazieiro.

Jair Bolsonaro fez que vetou o projeto com mudanças na Lei Eleitoral, mas dando tempo suficiente ao Congresso para desfazer os vetos. Voltarão a valer as regras que o eleitor do Bolsonaro não queria ver promulgadas.

Deve voltar, por exemplo, a brecha para aumentar o fundo de financiamento público de campanha, que já estava em R$ 1,7 bilhão e agora os parlamentares querem fixar em até R$ 3,7 bilhões.

Também deverá ser recriada a propaganda gratuita em rádio e televisão. Assim como será permitido o afrouxamento dos mecanismos de controle e punição contra ilícitos na campanha.

Tudo isso foi incluído na Lei Eleitoral pelo Congresso e vetado pelo presidente. Mas numa ação relâmpago nunca vista antes neste governo, Bolsonaro o fez em tempo ainda de os parlamentares remontarem o que quiserem antes de 5 de outubro.

E pronto. Os vetos serão discutidos e derrubados hoje (2), em sessão conjunta da Câmara e do Senado. A Constituição determina que alterações na Lei Eleitoral só valem se promulgadas um ano antes das eleições.

A derrubada de hoje permitirá que as novas regras passem a vigir no pleito municipal de 2020.

Deu para entender? Bolsonaro fingiu que vetou, mas é como se não tivesse vetado. O fez em tempo recorde para os congressistas mexerem novamente no texto. E acabará valendo o projeto tal como eles queriam.

Esse, digamos, entendimento entre o presidente e o Congresso ajuda na aprovação da reforma da Previdência, a ser votada hoje no Senado, e na definição de Augusto Aras como procurador-geral da República.

E ainda, se tudo der certo, ajudará no que mais interessa ao Planalto no momento: a aprovação do nome deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente da República, como embaixador do Brasil nos EUA.

E assim Jair, o Messias Bolsonaro, criou o veto fake.

Fonte: Blogosfera/UOL