BRASÍLIA – AGÊNCIA CONGRESSO – O delegado de polícia, professor universitário e primeiro senador gay assumido, Fabiano Contarato (Rede-ES) votou contra o governo em projetos importantes como a Reforma da Previdência e liberação do porte de armas.

Ele, no entanto, não se declara como oposição, mas um político independente. Avalia que ‘estamos passando por maus momentos e momentos delicados com Bolsonaro presidente’.

“Estamos passando por um momento extremamente delicado, um chefe do Executivo que não tem articulação com o Legislativo, o Judiciário, Ministério Público, com as instituições, e que leva tudo para o lado pessoal”, afirma.

No entanto, na última semana, Contarato votou favorável à manutenção do veto 52, que tirava das mãos de um único parlamentar a distribuição de R$ 20 bilhões do orçamento.

“Por mais que eu tenha as minhas diferenças com o governo federal, não sou contra tudo, o que vier do governo e for positivo tem meu apoio, mas o que violar a Constituição e os tratados internacionais dos quais o Brasil é signatário, não tem como apoiar”, disse em entrevista ao site Agência Congresso.

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Ataques à imprensa

Sobre a entrevista coletiva do dia 4 de março, na qual Bolsonaro convocou um humorista para responder a jornalistas sobre o baixo desempenho do PIB (Produto Interno Bruto) em 2019, Contarato disse que o presidente atingiu o limite do desrespeito e ataque à imprensa.

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O humorista “Carioca”, fantasiado de presidente e distribuindo bananas aos repórteres na frente do Palácio da Alvorada, ao lado do presidente Jair Bolsonaro.

“[Bolsonaro] ultrapassou o limite de ataque à imprensa, não tem como […] Tudo ele [Bolsonaro] leva para o lado pessoal, os princípios que regem a administração pública são claros, estão no artigo 37 [CF] legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência, e, infelizmente, acho que o presidente da república passou 28 anos aqui no Congresso e ele não leu esse artigo”, disparou o senador.

Cumprindo seu primeiro mandato político, o senador acha lamentável que um senador tenha mandato de oito anos:

“Eu amo ser delegado de polícia há 27 anos, amo ser professor do direito há 20 anos, essas são minhas funções, estar como senador é efêmero, é passageiro, é claro que eu acho que você tem que fazer um excelente trabalho para a população, mas as pessoas se apegam ao mandato e querem fazer da política profissão, eu não sou a favor disso”.

Contarato diz que recebeu convites para vários outros partidos, mas não pretende, tão cedo, sair da Rede “já recebi convites de outras legendas, eu acho que hoje em dia não tem mais essa coisa de ideologia, você vê que os partidos estão na mesma linha ”.

Para ele, um dos maiores desafios “enquanto cidadão, é que se eu pudesse contaminar e contagiar as pessoas é que as pessoas de bem entrem na política, acho que isso me chamou a atenção quando Martin Luther King falou ‘o que me preocupa não é o grito dos maus, mas o silêncio dos bons’”, disse.

Governo Casagrande

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Senador Contarato e o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande

Se pudesse definir o governo de Renato Casagrande, o senador disse que escolheria a palavra “humanizador”:

“É governo extremamente sensível, humanizador tem a sensibilidade de se colocar na dor do outro, que tem diálogo, eu tenho uma admiração pelo governador Casagrande, sempre tive, mas acho que ele tem isso, sabe dosar, esse é o grande desafio, ser um bom gestor ter essa sensibilidade e um olhar humanizador. É isso que me chama a atenção na gestão de Casagrande.”

Entrevista a Lanna Silveira