Governador do ES, Renato Casagrande (PSB)

BRASÍLIA – POR TALES FARIA – O Espírito Santo recebe nesta sexta-feira e no sábado governadores e secretários dos outros seis estados integrantes Consórcio de Integração do Sul e Sudeste (Cosud).

O governo federal tem tentado transformar os encontros com os governadores da região numa espécie de contraponto ao oposicionismo do consórcio de governadores do Norte e Nordeste.

O presidente Jair Bolsonaro aproveita que o foco desta 7ª reunião do Cosud será infraestrutura e gás e enviará a secretária nacional do Ministério de Infraestrutura, Natália Marcassa representando o ministro, Tarcísio Gomes de Freitas.

Também mandará o secretário-executivo Adjunto do Ministério de Minas e Energia, Bruno Eustáquio Ferreira Castro de Carvalho.

Mas o clima ameno do grupo de governadores em relação ao governo não é o mesmo das reuniões anteriores. O mandatário de São Paulo, João Doria (PSDB), já está em ritmo de pré-campanha presidencial e resolveu distanciar sua imagem de Bolsonaro.
 
Outro que estará presente é o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Também cada vez mais afastado do governo, Maia entrou na polêmica sobre a Amazônia.
 
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Presidente Jair Bolsonaro
 
O presidente da Câmara declarou nesta quinta-feira que não deixará serem aprovadas leis contrárias à proteção da floresta, e que abrirá diálogo com os países europeus sobre formas de preservação do meio ambiente.
 
Procurado, o anfitrião do evento, governador Renato Casagrande (PSB), diz que a principal preocupação do grupo é com a retomada do desenvolvimento e a necessidade de criação de empregos.
 
Ele elenca quatro motivos pelos quais o país está parado:
  • “O primeiro é que o governo criou a expectativa de que a reforma da Previdência resolveria todos os problemas, quando, na verdade, ela não estimula a economia e até tira recursos, especialmente dos mais pobres;

  • O segundo erro é a instabilidade institucional e o enfrentamento entre poderes. Um estresse que é causado por declarações do presidente visando uma polarização com o PT que só prejudica o país;

  • O terceiro problema é resultado do anterior, pois a instabilidade entre poderes e a polarização ideológica provocam preocupações na sociedade de que pode ocorrer um rompimento de contratos já estabelecidos;

  • E o quarto motivo para a situação que nos encontramos é que o governo não tomou medidas efetivas para dinamizar a economia.”
 
Segundo Casagrande, do ponto de vista do crescimento econômico, o ano está perdido. Agora o jeito é tentar aprovar “talvez, uma parte do pacto federativo” e, até o final do ano, uma pauta de reivindicações dos governadores para estados e municípios resistirem à crise.
 
Tudo isso em meio a um quadro político difícil, agravado pela antecipação das campanhas eleitorais de 2020 e 2022.
 
“A campanha para as eleições municipais do ano que vem já começou. E o comportamento do presidente Bolsonaro de enfrentamento com o PT, é de quem está em campanha pela reeleição em 2022”, diz Casagrande.
 
O governador vê personagens da centro-direita tentando uma candidatura alternativa a Bolsonaro e o PT. Três deles estarão presentes no Cosud: o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), Rodrigo Maia e o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC).
 
O campo da centro-esquerda ainda não está claro. Casagrande defende que o seu partido, o PSB, construa um nome. “Nós vamos ter candidato próprio, isso é certo.”, afirma. Mas ele não se arrisca a antecipar as opções.
 
Uma aliança com Ciro Gomes, do PDT? Casagrande não responde claramente: “Precisamos acabar com a polarização entre Bolsonaro e o PT.”

Coluna Tales Faria/UOL