BRASÍLIA – A PEC (Proposta de Emenda Constitucional) que antecipa a eleição da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa do Espírito Santo só mostra uma coisa: que os deputados que acabaram de ser eleitos – em 2018 – estão mais preocupados com a próxima eleição do que com as necessidades da população.

Dos 30 deputados do ES, pelo menos 20 são candidatos a prefeito. Por que? O Executivo dá mais lucro que Legislativo. Sempre foi assim. E a prefeitura serve de trampolim para outros mandatos. Em nenhuma outra Assembleia do país se ouve falar numa manobra sórdida como essa.

O príncipe capixaba dos interesses corporativos tem nome e endereço: deputado Erick Musso (Republicanos), já reeleito para o cargo. Ele quer dar uma de Maduro e Evo Morales, ficar no poder eternamente. Depois reclamam quando a imprensa bate na classe política.

Esse grupo do qual Erick faz parte possui ambições próprias de crescimento político no Estado, que passam diretamente pelas próximas eleições, em 2020 e em 2022, conforme escreveu o jornalista Vitor Vogas.

O mais provável é que o novo comando da Casa seja eleito antes do pleito de outubro de 2020. Há uma razão para isso. Se a eleição da Mesa Diretora fosse hoje, Erick seria reeleito. Mas, em outubro, boa parte dos deputados que o apoiam deve disputar prefeituras e, tendo êxito, deixaria o Parlamento, como explicou em sua coluna a jornalista Fabiana Tostes.

O deputado federal mais votado do ES na eleição passada, Amaro Neto (Republicanos), deve ser o candidato a prefeito de Vitória no ano que vem e a governador em 2022. Dai deixaria a prefeitura dois anos após ser eleito na mão de um vice provavelmente despreparado.

“Dentro do projeto de ascensão desse novo grupo político, Erick é uma peça-chave, desempenhando papel estratégico exatamente onde está: como chefe do Poder Legislativo no Espírito Santo.” (trecho copiado da Gazeta). E podem tornar o governador Casagrande refém dessa aliança que deve unir as forças mais reacionárias da política capixaba.

O Republicanos é aquele partido suspeito criado pela Igreja Universal do Reino de Deus para defender os interesses do ‘bispo’ Edir Macedo e da rede Record, ‘religioso’ que enriqueceu tirando dinheiro das classes menos favorecidas da população.

As necessidades da população aumentam, o povo tenta renovar a classe política a cada quatro anos, mas a mentalidade dos detentores de mandato continua focada em seu próprio umbigo.