POR TALES FARIA

BRASILIA – O comportamento do presidente da República mudou após a prisão Fabrício Queiroz, o ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), num imóvel de Frederico Wassef, advogado da família Bolsonaro.

O chefe do poder Executivo parou de atirar contra os ministros do Supremo Tribunal Federal e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

A nova versão “Jairzinho Paz e Amor” do presidente alegra os políticos, especialmente do centrão, mas seus aliados mais antigos, os bolsonaristas de raiz, não estão gostando nada, nada.

A avaliação dos bolsonaristas é de que Bolsonaro está acuado e sob a tutela dos militares. É o que diz claramente um dos principais blogueiros do grupo, Bernardo Küster, em vídeo postado no seu blog.

Segundo Küster, os militares compõem ou indicaram “muitos, muitos e muitos” cargos da administração federal, porque os conservadores não têm quadros.

E se os militares saírem, o “governo desmorona”. O guru da ala mais radical dos bolsonaristas, Olavo de Carvalho, faz coro.

Não só reproduziu em sua conta no Facebook o vídeo de Bernardo Küster, como afirmou em uma postagem própria deste sábado, 27: “Patriotismo militar é apenas corporativismo enfeitado, pago com dinheiro civil.”

A grande irritação do grupo é com as operações de busca e apreensão e detenções de bolsonaristas no inquérito comandado pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, que apura a formação de uma rede de produção de fake news com mensagens contra as instituições democráticas.

Para os bolsonaristas, o quadro se agravou com a demissão de Abraham Weintraub do comando do Ministério da Educação. Olavo de Carvalho escreveu que Weintraub “tem que pedir asilo político nos EUA”.

Segundo a versão bolsonarista, a movimentação do STF resultou em prisões políticas. Mas os militares não reagem em favor de Bolsonaro porque querem manter o presidente sob tutela.

E porque não gostam dos conservadores. Neste sábado, 27, no entanto, Carlos Bolsonaro, o filho Zero Dois do presidente, deu um recado otimista para o seu grupo: “Não se muda décadas de destruição em menos de dois anos. Todos queremos mudanças rápidas e explícitas, entretanto nem sempre essa é a saída!”

E qual a saída? Segundo eles, “o povo tomar as rédeas do governo”. Sabe-se lá como.

(Tales Faria escreve para o UOL)